Deficientes auditivos reclamam de aplicação e correção do Enem; lei determina que deficientes recebam acompanhamento especial.
Cinco alunos do Rio de Janeiro que sofrem de deficiência auditiva entraram, no início do mês, com uma representação na Defensoria Pública da União, denunciando não terem recebido a atenção adequada por parte da organização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Eles dizem ter havido problemas com os intérpretes durante a prova e questionam a correção do exame.
Pela lei vigente no país, os deficientes auditivos devem receber acompanhamento especial de um intérprete de libras no decorrer da prova e a correção, sobretudo de questões dissertativas e redações, deve ser flexível e valorizar o conteúdo semântico do que o aluno pretendia expressar.
Segundo o defensor André Ordacgy, que acolheu a representação, esses cuidados são necessários porque a libra, linguagem com a qual os surdos se comunicam, não tem a diversificação gramatical e vocabular da língua portuguesa. Um exemplo, diz o defensor, é que os verbos não são conjugados.
"O mais incrível é que um exame organizado pelo MEC não cumpre as próprias regras do governo", diz Ordacgy.
Rosilene Lerbak, mãe de um dos alunos que se sentiu prejudicado, questiona o fato de a maior parte dos colegas de seu filho ter tirado a mesma nota na redação: 250 (de 0 a 1000).
"Será que essas redações foram corrigidas por um professor que tinha conhecimento de libras? Por que todos tiraram a mesma nota?", pergunta.
Procurado, o MEC informou que entende ter cumprido todas as especificações da legislação, mas disse ainda não ter recebido nenhum comunicado oficial sobre o caso específico dos candidatos surdos.
Fonte: Folha Online
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